quarta-feira, 11 de março de 2009
sem nome
há um ódio em mim que não percebo, não consigo conter…. acordo assim, disparo com tudo, ele, está logo ali à mão,…., compreende..?; calculo que não, eu própria nunca consegui perceber o que é isto, donde tudo isto vem….
quando acordo o dia bate-me na cabeça, a luz diz-me que são horas não sei de quê,
e porquê?..
ali está o kikas, esparralhado na cama, boca aberta ruidosa, bafo aos charros da noite anterior. eu, só fumo dois por dia, desde que larguei as outras tenho muito medo…não consigo é tomar menos comprimidos, ou então rebento….
sei lá donde vem este ódio, e para quem….
para a casa da minha mãe não quero voltar, pelo menos espero…quando acabar o subsídio de desemprego espero aguentar-me; toda a vida a dizer que eu sou uma irresponsável, que não sei o que quero da vida… e ela? borrifou-se para mim e para os meus irmãos, só me ia dando dinheiro, e eu sempre a pedir-lho…..; não, não volto para lá….
mas o kikas é um puto, esse sim,…., tanto músculo e afinal passa o pouco dia que está acordado a jogar play station….e eu à espera de um marido, coisa boa! não está mais de dois dias num emprego, os papás dão-lhe sempre colinho, basta um telefonema…
diz que já não me pode ouvir, que qualquer dia vai-se embora, que estou sempre a refilar…o que é que acha, nem as cuecas tira do chão!,…, estou farta de dizer-lhe que não sou a mãezinha dele,….
sim é verdade, tenho medo de ficar sozinha, mas já estou, não é assim…?
e porque é que não consigo dizer umas verdades à minha mãe? só a ela não consigo responder; e não a aguento ouvir, parece uma metralhadora nos meus ouvidos…tanta coisa e recebe sempre o meu pai lá em casa depois das fugas dele…a esse nem falo!
sabe o que é que a minha mãe diz deste meu cabelo, destes caracóis que ficam assim por nada? desde sempre, desde que me conheço, que a conheço – porque é que não te penteias? sempre com esse ar de quem saiu da cama, de quem não se lava…!
o kikas diz que gosta deles, deve ser só para agradar, não acha? que têm a cor dos girassóis da avó ….achei-lhe graça….
não sei se é boa ideia continuar a vir…, sabe quanto pago de transportes?....além disso ando sempre em consultas,… e para quê?
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1 comentário:
Talvez para alimentar a esperança de que um dia tudo mude. Para se sentir útil. Para se mentalizar de que tem ali um amigo a quem pode contar tudo, mesmo que o problema (a vida...) não se resolva.
Para sentir que é compreendida. Talvez porque a compreensão da sua vida ingrata por parte de terceiros seja já uma ajuda. Talvez o consultório seja a verdadeira casa onde se territorializa. Ou pelo menos a deriva é menor.
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