sexta-feira, 22 de maio de 2009
Brincar VS T.P.Cs
O excesso de trabalhos de casa está a prejudicar a forma com as crianças olham para o conhecimento, alerta uma especialista, considerando que, depois da escola, os mais pequenos deveriam brincar, aprendendo naturalmente desta forma coisas úteis para a vida.
Para Maria José Araújo, investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Universidade do Porto, e que fez uma tese de mestrado sobre este tema, os Trabalhos Para Casa (TPC) são por norma "repetitivos", "inúteis" e "excessivos", porque, depois da escola, ainda "organizam a casa à volta do trabalho escolar".
"São inúteis no sentido de que só fazem apelo à memória e não ao conhecimento. Porque as crianças estão apenas ali a cumprir aquela formalidade e isso não dá conhecimento para depois poderem raciocinar, ao passo que, se os miúdos estiverem a fazer uma actividade significativa para eles, isso é uma aprendizagem que fica para sempre", defendeu.
A especialista destaca que "a actividade principal das crianças é brincar e para as crianças brincar é uma actividade muito séria".
"Para os adultos trabalhar é que é muito sério e não percebem que as crianças aprendem a brincar. Não percebem que se uma criança estiver cinco horas na escola depois deveria brincar e que essa brincadeira serve também para aprender coisas que vão ser importantes para a vida", considerou.
Contra tarefas para casa como "cópias de textos, repetições de palavras (várias vezes), fichas com contas e problemas diversos que na maior parte das vezes se limitam a reproduzir os conteúdos dos livros ou o que eventualmente foi feito e explicado na aula", Maria José Araújo propõe antes que, por exemplo, andem de bicicleta ou façam um bolo com os pais.
Esta pedagoga destaca que os TPC são um assunto complexo, que "se naturalizou, de forma que faz parte do dia-a-dia e ninguém pára pensar nisso".
"As crianças parecem querer corresponder às expectativas dos pais e professores; os professores aparentemente querem corresponder às expectativas sociais; outros técnicos de educação dizem querer ajudar as crianças a ter melhores desempenhos escolares; os pais parecem querer proporcionar uma maior mobilidade social através da escola", afirmou, realçando que "anda toda a gente com receio de toda a gente, mas depois, quando se juntam as pessoas para pensar, concluem que é excessivo".
"Se tivéssemos a percepção de que estamos a falar de crianças e não de alunos, talvez conseguíssemos entender melhor que é preciso ter cuidado, porque isto prejudica a maneira como as crianças olham para o conhecimento, prejudica a maneira como os adultos se relacionam com as crianças e prejudica a maneira como as crianças valorizam ou desvalorizam o conhecimento", acrescentou.
Texto enviado por Elsa Couchinho
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2 comentários:
Assumo-me como um "anti-TPC" ferrenho, pelo menos como habitualmente são vistos.
Repetir fichas e assuntos que o cérebro ainda não teve tempo de maturar e organizar, a uma hora em que se está endorfínico, depois de um dia de intenso trabalho e acção, actividades desportivas ou artísticas, é "chover no molhado", e só serve para criar atritos e desentendidos familiares, além de prejudicar a qualidade do tempo, já escasso, de interacção pais-filhos.
Pelo contrário, sou adepto dos trabalhos de pesquisa de fim-de-semana, ou de um "conta-me como foi" sobre assuntos do fim-de-semana, para serem debatidos durante os dias úteis.
"Abaixo os TPC e quem os apoiar!" - e por isso ajudei a convocar a "greve aos TPC" que ocorreu no dia 20 de Novembro de 2005, como comemoração do aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança.
Professores, Pais, Crianças: esconjurem os TPC. São ainda resquícios do fascismo, e do não saber onde termina a Escola e começa o espaço de regressão!
Enquanto que os trabalhos de casa forem mais do mesmo que se faz nas aulas, eu também assino por baixo.
Os tpc devem ser entusiastas da descoberta e estimulantes fazendo o aluno querer saber sempre mais e despertar a cuiriosidade inacta que existe neles.
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