quarta-feira, 11 de junho de 2008

Edu, "the kid"


Para onde há-de ir billy the kid?
Billy não sabe para onde há-de ir
Persegue a morte na pessoa dos outros
Quando era nele que ele a devia afinal perseguir

Ruy Belo



Edu
Edu, (Billy) the kid, chegou assustado. Empurrado por um guarda que, gravemente, discursou, Sr. Dr., na minha opinião, só aqui ele se poderá recuperar. É a sua última oportunidade. Fingindo concordar, o psicólogo despachou o polícia. Assistiu impressionado à catadupa de questões, conselhos, ralhetes e relambórios com que os diferentes técnicos esgrimiram o miúdo – “meia-leca” de quinze anos, corpo de bebé com olhar de muitas vidas. Finalmente, a sós, disse-lhe que podia chorar. E aquela muralha desabou, aceitando ali ter a coragem de ter medo. Dizia que o que mais o chateava era terem-no ido buscar a casa, que a mãe, que brincava muito com ele, lhe dissera que estavam lá dois senhores, e que, como tantas vezes, fingindo não acreditar, acreditou. Que o ódio é dos GNRs, são nojentos....., os outros “chuis” até são porreiros, mas aqueles só batem! E sempre por coisas pequenas, por chocolates. Ah...., e as roupas de marca, sempre as quis ter. Que já fez muita porcaria, sim senhor, e que se calhar até precisa de estar ali. A mãe acha. Mas os “chuis” são nojentos e o pai,....esse que morreu quando ele tinha cinco anos, partia varas nas costas da mãe e espancava o irmão. Vomitou o fígado quando morreu, nunca mais vai esquecer esse dia, odeia bêbados...., e drogados. Ama a mãe. Mas não sabe se tem safa. Ama mais ainda a adrenalina....

1 comentário:

Ana disse...

Adorei o texto. Muito bom e muito real.Parabéns.
Ana T.